segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ritual da Busca dos Matros: religiosidade terrestre e fluvial




Os dois mastros encontra-se na Praia da Gurita, na Vila balneária de Alter Chão, em Santarém/PA. Representam o agradecimento a colheita e fartura. Esse ato teve inicio na manhã, de sábado (14), na Vila balneária de Alter, quando comunitários e visitantes foram contagiados pela magia do pré Çairé, a chamada “Busca dos Mastros”. Na realização, da Comissão Organizadora e Coordenadora do Festival do Çairé, no apoio, do Governo do Pará, Prefeitura Municipal de Santarém (PMS), Secretarias Municipais e  parceiros. Em procissão, comunitários e visitantes seguiram por algumas ruas da vila até a praia da Gurita. Ao chegar na praia adentram nas embarcações de pequeno e médio porte rumo ao Lago Verde, no outro lado do rio Tapajós. Os catraieiros e donos de lanchas, comandando as embarcações ornamentadas junta-se ao ritual, no total de 70 embarcações participam da atividade. Eles levam pequeno transporte fluvial os visitantes e familiares. E todos formam uma grande procissão fluvial.

Ao chegar no outro lado da margem da vila balneária, alguns comunitários, elementos do ritual e visitantes entram na mata na busca dos mastros. E logo surgem o grupo dos mordomos e mordomas. Cada grupo carrega o mastro em meio a área verde e levam até as catraias. Alguns visitantes aceitam o desafio de carregar o mastro e colocam força no braço e nas pernas. O ritual traz pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo, seja por estudo ou a passeio. Como da médica sanitarista de Campinas, Naoko Silveira, que está a passeio na vila com as amigas, diz que “não poderia perder esse momento festivo na comunidade, tudo muito organizado e acima de tudo, muito lindo. Estamos registrando tudo”. 




De volta as embarcações retornam a Praia da Gurita e no meio do trajeto, eles recebem o reforço da bebida indígena, o tarubá. A extração desse líquido vem da massa da mandioca, após a retirada do tucupi. Na viagem fluvial a alegria prossegue ao som instrumental do grupo Folia. O som vem das batidas do tarol, bumbo, req req, e do xeq xeq. 

Os dois mastros ficam depositados até, quinta-feira (19), quando serão levados até a Praça do Çairé para serem erguidos, e enfeitados com frutas e folhagem.
 
 Outro detalhe importante neste cerimonial, é o cuidado com meio ambiente. Os comunitários todas as vezes que retiram o tronco deixam seis outras mudas de plantas fincadas ao chão. Demonstrando ao público a responsabilidade ambiental, o Çairé  encerra na segunda-feira (23).
 

Texto e foto: Alciane Ayres-Ascom/SEMC.

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